domingo, 4 de setembro de 2011

Cumplicidade


Nenhuma manifestação de afeto, ou mesmo de sexualidade, exige mais cumplicidade do que o BDSM. Temos nossos riscos, assumidos, consentidos, talvez calculados, ou nem tanto... A submissa entrega-se. Algo mais que natural para ela. Seu Dono a toma. Algo mais que natural para ele. Porém, há CUMPLICIDADE ?

Nesses anos dentro do meio, já vi muitas cenas, algumas públicas, outras fechadas, mas nem sempre, ou raramente, vejo total cumplicidade nelas.

Sou da opinião que a maior manifestação do amor é a cumplicidade. Podem me acusar de romântico... Aceito a sentença. Mas eis que um BDSM sem envolvimento, sem PAIXÃO, torna-se sem sabor, sem gosto, sem a magia insana de olhar para o abismo e o abismo olhar de volta pra você. E aqui, esbarramos na coragem...

Muitos e muitas não tem a devida coragem para ser feliz. Passam meses, anos, procurando um "Dom Perfeito" ou uma "sub perfeita". Com alguma sorte até encontram. E quanto encontram fazem de tudo para sabotarem a si mesmos.

Têm medo de realmente ter encontrado a felicidade.

Há quem diga que um Dom verdadeiro não pode ter sentimentos por sua submissa. Discordo veementemente. Pode perfeitamente, até amá-la. Porém arrisca-se ao amar, pois amando nos fragilizamos do alto da nossa Dominação. Tornamo-nos mais carinhosos, mais maleáveis, menos torturadores, até mesmo menos rígidos?

É uma equalização difícil de se conseguir. E há que se ter maestria para se equilibrar entre a AUTORIDADE e a TERNURA de um Dom.

Um Dom que ama sua sub, um Dom que tem Afeto, Carinho, Cumplicidade com sua sub corre sim o risco de nos meandros do seu coração, enfraquecer o pulso e mostrar um lado sentimental demais.

Mas será que o Dom que nunca desce do pedestal da sua autoridade já sentiu de fato a felicidade de fazer sua submissa feliz? Lá do alto, será que ele de fato consegue enxergar?

Este texto foi escrito por Dom Montecristo em sua comunidade do Orkut BDSM e Psicanálise: Análises.

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