domingo, 19 de junho de 2011

"Monstros" da música homenageando George Harrison (Filho de George - Dahni Harrison tocando ao lado do Eric Clapton)...


sábado, 11 de junho de 2011

Do Jornal O Liberal.

domingo, 5 de junho de 2011

Direitos de uma escrava (Bravo autora!)

  • Direitos de uma escrava
  •  
  • Tenho o direito de colocar limites e de esperar que estes sejam respeitados.

  • Tenho o direito de modificar esses limites a qualquer momento, sempre avisando o meu Senhor com antecedência. E tenho o direito de esperar que meu Senhor estabeleça seus limites, ajudando-me a superar os meus, criando novas situações.

  • Tenho o direito à privacidade. Espero que meu Senhor esteja consciente do tempo que passamos longe um do outro, mas entenda que sou uma pessoa separada dele e que tenho problemas e situações na minha vida para os quais não requisitarei a sua ajuda.

  • Tenho o direito de esperar que o meu Senhor respeite minha independência e que eu não seja criticada por isso.

  • Tenho o direito de pedir sua ajuda sempre que a precise.
    Tenho o direito de ser acreditada e de esperar que me considere uma pessoa inteligente, cuidadosa e fiel.

  • Tenho o direito de perguntar coisas sobre o meu Senhor e de que escute minhas questões.
  • Tenho o direito de pedir sua atenção, sem ter que me sentir mal por isso.

  • Tenho o direito de pedir que contribua para o nosso relacionamento, tanto quanto eu o faço. Assim como minhas súplicas também sejam atendidas, esperando que meu Senhor as considere, como faria em relação a qualquer amigo ou colega.

  • Tenho o direito de perguntar quais os motivos dele não atender as minhas súplicas, porém com o devido respeito.

  • Tenho o direito de esperar que ele administre seu castigo com cuidado e precaução. E tenho o direito de pedir que pare a qualquer momento, se considerar necessário.

  • Tenho o direito de levantar e ir embora de uma sessão se o meu Senhor não respeitar meus limites.

  • Tenho o direito de esperar que respeite minhas decisões e que não pense mal de mim ou me abandone por esse motivo.

  • Tenho o direito de reclamar se considerar que nosso relacionamento não me dá o que preciso.

  • Tenho o direito de dizer o que preciso.
  • Tenho o direito de esperar que entenda meus motivos e que seja ouvida com a mente aberta. E tenho o direito de abandonar o relacionamento se não conseguirmos chegar a um acordo nessas questões.

  • Tenho o direito de esperar carinho, amor e uma completa compreensão depois de uma sessão.
  •  
  • Tenho direito de pedir carinho se tive um dia ruim ou se sinto que necessito de uma atenção especial. Sei que existirão momentos em que discordaremos sobre esse assunto - por exemplo, quando o Senhor quiser uma sessão e eu não. Mas tenho o direito de exigir uma conversa sobre isso e esperar que ele me escute e considere meus motivos.
    Espero que o meu Senhor tenha a palavra final, mas também espero sua compreensão ao considerar meus sentimentos, sejam eles quais forem.

  • Tenho o direito de esperar que o nosso relacionamento progrida, que nossa confiança sempre se renove e que nossas mentes estejam tão perto como estão nossos corpos.

  • Tenho o direito de dizer se necessito mais do Senhor e esperar que ele respeite minhas decisões sobre o que quero e o que preciso. Espero que meu Senhor deseje que nosso relacionamento avance, a não ser que, antes, ele decida o contrário.

  • Espero que ele entenda que essa profunda confiança pouco a pouco se converte em amor e espero que não me evite se digo que o amo. E tenho o direito de esperar que me diga, a qualquer momento, se não pode corresponder-me a esses sentimentos, para que eu decida sobre o que quero e o que preciso.

  • É por isso que o prazer do meu Senhor aumenta o meu prazer, tornando-o real e permitindo que o meu junte-se ao seu.
     

sábado, 4 de junho de 2011

Igual - Desigual

Eu desconfiava:

Todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os paises são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiencias de sexo são iguais.
Todos os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todos amores iguais, iguais, iguais.
Iguais os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as ações crueis, piedosas, ou indiferentes, são iguais.
CONTUDO, O HOMEN NÃO É IGUAL A NENHUM OUTRO HOMEM, BICHO OU COISA.
NINGUEM É IGUAL A NINGUEM.
TODO SER HUMANO É ESTRANHOOOOO E ÍMPAR.

“Cortina de Fumaça”....

“Cortina de Fumaça” debate público sobre a política de criminalização da miséria

 
Quinta 02/06/11 foi exibido publicamente no Circo Voador, Rj/Rj “Cortina de Fumaça”, filme de Rodrigo Mac Niven. Tema do documentário: política proibicionista do uso de drogas. Esse assunto vem ganhando espaço na sociedade e gerando reações adversas. Ao mesmo tempo que percebemos um esforço do judiciário em “aliviar” a pena do usuário de drogas, assistimos a PM espancar os manifestantes na Marcha da Maconha em São Paulo. O Circo já estava lotado meia hora antes aguardando o espetáculo. O filme é excelente! Informação e beleza em equilíbrio sóbrio. Após a exibição, um debate seguiu a programação. Numa mesa posicionada no chão da pista do Circo Voador, os debatedores sentaram-se de frente para a ruidosa massa pública.
O delegado Orlando Zaccone -sempre trazendo novidade a essa discussão- começou explicando que faz parte de um movimento internacional cujo nome(traduzido) é “Homens da lei contra a lei”, justificando que todo cidadão deve contestar uma lei injusta e inapropriada, ainda mais quem trabalha aplicando-as, que é o caso dele. Esclareceu que quem financia o tráfico não é o usuário, é a política de criminalização da miséria, dirigida a prender o vendedor varejista. O último elo da cadeia. O desorganizado de um crime muito bem instituído e organizado. No contrabando, o camelô. No tráfico de drogas, o vapor. De um “negócio” que move sabe-se lá quantos bilhões, quanto um traficante de favela deve ter debaixo do colchão em sua mansão subterrânea?
Enquanto isso a população carcerária abarrota-se de traficantes perigosos: um bando de craqueiros que vendem uma pedra pra fumar outra. Depois, Zaccone deu o alerta: “Cuidado com o Canto das Sereias da descriminalização. O que hoje se oferece como alternativa ao usuário é deixar de trata-lo como criminoso e passar a trata-lo como doente, e o controle da medicina também pode ser perigoso.” Terminou declarando que acredita na regulamentação do uso das drogas em geral.
Carlos Minc também estava lá dando a cara a tapa no debate. Reforçou a característica estigmatizante que permeia a discussão sobre as drogas, exemplificando que nos encontros nacionais GLSBT que freqüenta, vê alguns colegas de cargos da administração pública, mas na Marcha da Maconha não. Só ele. As pessoas têm vergonha até de dizer o nome da planta. Depois veio o momento das perguntas feitas pelo público. As perguntas nem sempre eram perguntas. O primeiro fez convite aos participantes da mesa. A segunda fez propaganda. O terceiro também não perguntou, mas trouxe uma mensagem importante: não se trata de travar uma guerra entre Inovadores e Conservadores(que ele chamou de doidões e caretas), mas trazer todos para a discussão respeitando as posições e enriquecendo a argumentação.
A entrada ao Circo Voador foi mesmo liberada, não teve nome na porta por email, nem nada. Portões abertos para quem quisesse entrar. Os debatedores elogiaram a coragem da administração pela abordagem do assunto controverso e estigmatizado. Durante o filme a galera vibrava nas arquibancadas. Um artista naturista, um louco peladão, levantou-se aos gritos: -Hipócritas! Hipócritas!, apontando a tela do filme. Dava seu exemplo de liberdade plena. Alguns aplaudiram. A patricinha do meu lado resmungou: -E esses idiotas ainda aplaudem!
Pensei, é mesmo muito difícil lidar com a liberdade. Primeiro porque é um assunto que diz respeito ao íntimo do indivíduo; e depois porque é fácil confundir liberdade com egoísmo. Isso ocorre quando a liberdade toma a forma de fazer o que quiser, sem calcular consequências. Esse é um desvio cultural. Em sociedade é imprescindível que as atitudes individuais sejam negociadas. A troca é fundamental. É desse desvio -causado por uma cultura que malha o Ego na Academia- que os moralistas conservadores morrem de medo. É isso que causa receio a todos nós. Tememos a nós mesmos e ao que somos capazes de fazer com a nossa liberdade. Esse é um paradoxo crucial que deve ser levado em consideração. E em democracia, liberdade é o equilíbrio nessa contradição.
-duduperere
poeta e cientista social-

O mundo é plural e diverso


O mundo é plural e diverso, não existe a receita perfeita nem a verdade absoluta nessa nossa curta vida. Todos nós sabemos que não
é diferente no mundo sadomasoquista.  Sem qualquer pretensãode completeza e sem, tampouco, ter a ingenuidade de esgotar um assunto tão complexo e multifacetado,eu, com mãos rudes, que mais lideram com as rédeas das praticas e vivencias BDSM do que no trabalho de  buscar explicações filosóficas do porque sou o que sou , arrisco-me a percorrer o vasto e controverso caminho do sodamasoquismo psicológico que em muitas ocasiões é vitima de muito preconceito entre os praticantes de BDSM.
Quero explicar o porquê do titulo deste texto ser “Sadomasoquismo Psicológico” e não “Dominação Psicológica”. Prefiro chamar de sadomasoquismo psicológico e não dominação psicológica, porque acredito que a relação exige o envolvimento consciente e inteligente tanto do dominador como da submissa. O desafio da relação SM psicológica  é o de desenvolver sintonia da submissão com a dominação  não como submissão inconsciente , mas de ser capaz de comungar com o sentido e o propósito da relação que exige da submissa o esvaziamento de si. Estar fora de si e centrado no dominador, eis o enfoque essencial da submissão, portanto, trata-se do esquecimento de si e a elevação do dominador. Quanto mais a submissa sai de si  mais ela estará na vontade do dominador e a vontade do dominador passará ser a dela, nessa simbiose eles se  encontram. O esvaziamento de si, cria espaço para abrigar a vontade do dominador. A submissa sai da sua realidade e entra na realidade do dominador. A entrega consciente da submissa  não significa que ela está vendo  tudo claramente , não significa realizar seus desejos;  mas significa dizer que conscientemente ela esvazia-se de si, renuncia a si mesma para viver o frenesi das sensações que embriagam sua alma,    para buscar o objetivo final de sua vida; que quer o remédio que aplaca suas  ânsias na busca da realização do seu eu e não apenas o cumprimento do que dizem as convenções sociais e morais.
A dominação psicológica pensa e se esforça para trabalhar astuciosamente corpo, coração e mente.  O caminho do sadomasoquismo psicológico é longo, frio e persistente mais principalmente ardiloso na observância dos sinais durante o percurso da estrada.
O grande e perigoso desafio da dominação psicológica é trabalhar nos labirintos das percepções, emoções, sensações, intuições e sentimentos que envolvem a vida  cotidiana de cada um de nos. A ousadia da submissão é a de se abandonar nessa relação sadomasoquista com a  determinação de seguir sua essência assumindo a verdade de querer, ser e viver, enfrentando seus próprios medos e duvidas para fazer realidade o que era apenas sonhos nos pensamentos tão vastos  da mente infinda. 

O perigo é real porque os labirintos da mente agregam fragmentos de sentimentos, percepções, emoções, sensações, intuições e informações que mais parece um campo minado, que a qualquer momento pode explodir. O primeiro trabalho do dominador é  desenvolver  um tipo “transe lúcido”, quando todo o acúmulo de informações do labirinto da mente fica exposto para ser reeducado e condicionado.

Para trabalhar o que eu chamo de “transe lúcido” é necessário que  odominador(a):

  • Seja paciente:Ser paciente é um atributo essencial na dominação psicológica, nunca foi tão verdadeira a frase: “o apresado come cru e queima a língua”.  Paciência é uma virtude que parece não combinar com o ritmo frenético das nossas vidas. Vivemos o tempo do imediatismo, mas isso não funciona na relação SM psicológica. O dominador precisa ter paciência para não atropelar os processos naturais de evolução em desvendar os mistérios da mente e deixar as coisas consolidarem.  Para tudo há um tempo, o que significa que entre a concepção de uma idéia ou de um empreendimento até a sua completude e realização deverá haver o necessário tempo de gestação. Entre o criar, o realizar, o fazer e a obtenção dos resultados pretendidos há que se ter paciência. A paciência produz a necessária serenidade para aceitar os fatos nem como "bons", nem como "maus", mas antes como o desdobramento natural da vida. Esta aceitação liberta-nos para entender que cerca de 90% das ofertas de submissão que recebemos são sugestões fantasiosas de um desejo e não realidade de uma alma submissa.

  • Desenvolver a visão da sensibilidade. É a capacidade que vai além dos olhos, muito além, enxergar com a sensibilidade é ser capaz de ver o invisível. Com essa visãopodemos ver além da visão dos sentidos, ultrapassar às medidas do tempo e espaço.  Visão que nos incita a ultrapassar as leis da vida e os limites do pensamento permitindo materializar o abstrato

  • Identificar os sinais de afinidades.A manifestação do movimento de afinidade se apresenta em tudo na vida, como por exemplo, nos grupos afins, na simpatia ou na antipatia.  Observe os sinais: gestos, posição corporal, a tonalidade da voz, o rítimo da fala e o olhar. Por vezes, as afinidades se manifestam quase invisíveis, tal a sutileza desse sentimento que interpreta a linguagem emocional. Mesmo em ausências prolongadas, nunca deixa de se manifestar, pois independe da presença física. Mantém-se latente, como que esperando o reencontro. Quando existem afinidades as pessoas se sentem, se percebem mesmo à distância. Não há como explicar, pois é uma comunhão total de emoções e percepções. E não precisam ter necessidade de explicação para o que estão sentindo. Basta um olhar para o outro e perceber o que ele quer, ou deseja dizer.

  •  Ter atitude. Isto significa realizar os movimentos, não esperar que o submisso manifeste iniciativa.   Ter atitude não significa ser bom ou ruim, ter atitude é ser autêntico, sincero, verdadeiro consigo mesmo e com o submisso(a); não usar de subterfúgios para prolongar o que não será. É usar a intuição no primeiro momento; é ter firmeza sobre o que diz e sobre o que vai fazer; é ser rápido no raciocínio, frieza emocional  e usar sensibilidade intuitiva  nas decisões.

  •  Interpretação da realidade.É necessário estar atento aos sinais e saber interpretá-los. Pois muitos sinais podem ser ambíguos, e temos que ter clareza sobre os nossos critérios de interpretação da realidade. Não podemos cair na armadilha da “desatenção” no meio das preocupações e barulho, para que os nossos corações continuem “sensíveis” aos sinais sutis que a vida fornece. A interpretação da realidade é uma tarefa que demanda demasiado raciocínio a respeito de um complexo contexto de realidade, haja vista o deslocamento dos valores em relação ao grupo social ao qual esta interpretação é solicitada.

  • Estimular.Isso é dar estímulos para mente submissa com a mesma freqüência que estimule os desejos mais íntimos e exclusivos que expressam as emoções e personalidade da natureza submissa adormecida que só será despertada com os estímulos certos naquele exato momento de modorra do sono.

  • Alterar as referências da realidade. Todas as pessoas fazem suas reflexões tendo como base as referencias da sua realidade que são pontos constantes e estáticos que padroniza o comportamento e o estilo de vida. È fundamental alterar os pontos de referencia da realidade da mente provocando pequenas alterações no comportamento, mondado os pontos de referencia da realidade, ou seja, o desejo passa ser o agente da realidade e não mais os olhos ou os valores culturais e familiares.
O motor que movimenta o sadomasoquismo psicológico é o principio da autoridade. Alguém precisa exercer autoridade e a outra pessoa necessariamente precisa reconhecer a autoridade de quem exerce o poder da dominação.
 Algumas pessoas confundem autoridade com autoritarismo e submissão com simples obediência. Tentarei conceituar o que é autoridade e o que é submissão dentro de uma perspectiva sadomasoquista psicológica.         
  • A autoridade é reconhecidade fora para dentro, ou seja, o submisso(a)  reconhece a autoridade do dominador(a) . Quem domina com autoridade e não pela imposição, mas pela credibilidade que é transmitida com firmeza, clareza e determinação sem remorsos ou flexibilidade. Ter autoridade significa possuir a "capacidade ou habilidade" de exercer o poder sobre a outra pessoa, em graus diversos de controle e disciplina. Autoridade é também o poder de decisão sobre o submisso(a), isso significa que o sub reconhece inteligentemente que tem autonomia para escolher o que quer, mas que a sua escolha  pode ser ou não realizada, uma vez que o seu desejo está condicionado a decisão do dominador que exerce autoridade sobre ele.

  • Submissão é muito mais que simples obediência é o abandono consciente, astuto e audacioso nos desígnios da autoridade sádica e pervertida do dominador,sem pretensão e conformando-se à vontade do dominador. Submissão é também ter a coragem de caminhar como se visse o invisível com plena consciência da dor de sua natureza e dos riscos na estrada que está a percorrer. A submissão não quer respostas nem explicações para os labirintos da sua natureza; mas somente quer vive na verdade de sua existência e de seu ser pessoalque é o seu modo próprio de mostrar-se na realidade da sua natureza.  A submissão assume a pessoa inteira e não fica satisfeita apenas com o ato exterior em obedecer, mas requer o sacrifício da vontade pessoal e o abandono da própria capacidade de julgar.  Isso é o máximo da liberdade é a libertação de si mesma. A submissão sente-se verdadeiramente libertada de si mesma, pois fica totalmente submetida a seus mestres; qualquer dúvida ou escrúpulo seria considerado como folha vergonhosa.

Existe aqui o grande paradoxo da submissão psicológica porque ao mesmo tempo em que a submissa é escrava do seu Sr, ela  está livre.  A obediência inteligente e autodeterminada é o máximo da liberdade, uma libertação da escravidão de si mesma. A submissão  se lança no domínio de seu Sr como se fosse devota da humilhação e do sofrimento , obedecendo a cada impulso, qual uma bola de cera que pode ser modelada e atirada em qualquer direção; se permite manipular e ser movida pelos ardis do dominador. A plena felicidade do dominador é quando a submissa chega afirmar  ver o preto como branco, se o dominador assim determinar.

Um simples ponto de vista.

Dom Resende






Retirado do blog do Sr Carcereiro.

Estas práticas consensuais feitas com fins de satisfação erótica, por sí só, são impossiveis de serem feitas fora de um contexto SM ou sem que sejam chamadas de Sadomasoquismo.
Praticas que podem ser ou não SM e dependem do contexto

Scat (cocô)
Pode existir pessoas que se excitam com cheiro de cocô ou mexer com fezes fora de contexto SM.
Chuva Dourada
Algumas pessoas podem ter simplesmente fetiche por urina (ser e ou urinar). É frequente no contexto SM, mas pode existir de forma independente.
Podolatria
Pode estar inserida num contexto SM mas nem sempre. Pode ser mera atração gostar de beijar pés, seios, bumbum, vagina e etc. Isto é também comum como prática baunilha.
Enemas
Somente é SM se alguém associasse a humilhação ou punição seria considerado parte de pratica SM. Fora disto pode ser é um fetiche isolado. Existem praticantes de enema fora de contexto SM.
Cross Dress
Travestismo ou homem vestir de mulher. Ao longo dos seculos, este fetiche foi exercicido até de forma sublimada, fora de contexto SM. No tempos de Shakeaspere, homens desempenhavam papeis de mulheres nos teatros.
Perfurações com agulhas, ganchos, pinos de aço:
Ascetas sempre praticaram perfurações, além de existirem as chamadas praticas de Fakirismo. E o pessoal do body-piercing e body-modification inclusive fazem suspensões com ganchos fincados diretamente na pele. Existem praticas que tem mais a ver com Play-Piercing do que SM propriamente dito, pois algumas mulheres gostam de perfurações, exibindo-as de forma natural, as adeptas de Play-Piercing. Se a prática com perfurações é apenas uma atividade desafiadora, não haveria SM intencional neste caso.
  • Exemplo1: "Inhandutí" nas costas feitas com linhas e agulhas, com varias linhas formando um desenho tipo "mandala". Isto pode ser também um fetiche estético com agulhas se fora de contexto sadomasoquista.
  • Exemplo2: Corset-Piercing também é praticado por mulheres adeptas de play-piercing e num contexto fora do SM. (play-piercing = piercing demonstrativo, feito para usar temporariamente ou apenas numa demonstração)
Enfeitamento Fetichista da Mulher:
Em alguns casos, vemos fotos com a pratica de envolver a mulher com laços colororidos e simbolícos, sem amarras reais e apenas laços, não parecem ser SM. Assemelha-se mais um modelo colorido. Neste caso não se trata de uma prática de aprisionamento (bondage) nem de shibari (aprisionamento ao estilo japones).
Swing (troca de casais)
Não tem nada à ver com SM.
Exibicionismo
Existe plenamente fora de contexto SM.Num contexto SM, exibicionismo seria por exemplo a escrava sair de coleira na rua, ou ser chicoteada numa play com apetrechos de escrava. Mas não existe nada mais baunilha do que "ordenar a escrava" a abrir botões de blusa num restaurante ou mandar usar roupas baunilhas para ficar chamativa. Isso é muito comum no exibicionismo baunilha.
Voyerismo:
Prazer em ver. No SM, voyerismo ao meu ver, assume a linguagem do "emprestimo".
Sexo à Trés/Menage a Trois/Three Some:
É um fetiche comportamental totalmente idependendo do SM. Provavelmente a grande maioria de adeptos desta pratica não tem muito a ver com SM. Mas existam adeptos do SM que incorporam este comportamento à suas práticas.
Libertinagem:
Não existe nada mais comum ou "baunilha"do que Libertinagem. Existem milhares de single bars, locais de encontros, clubs de nudismo, clubs de swing, bares de solteiros para encontros, praticantes de menage a trois, espalhados pelo mundo. Libertinagem não define SM. SM para alguns, pode conter libertinagem, mas libertinagem não é SM.
Poderia tentar citar outros, mas não me lembro no momento.Acho que, muitas práticas isoladamente não definem se é SM ou não. Embora possam mais ou menos frequentemente serem encontradas dentro de um contexto SM.
Porém acho que, algumas práticas por sua natureza, ou por sí só, são inerentemente SM.
Esta é minha opinião pessoal meramente pessoal. Não tenho a menor intenção de falar por outros. Sds Wysiwyg
A_jade?yas?in
Caro Reitor
Refletindo sobre sua questão, penso que a condição essencial para caracterizar esse "SM puro", separado do resto dos elementos que compõem a sigla BDSM, é o prazer pela dor (física e/ou moral).
Inclusive, essa forma de prazer parece-me o elemento fundamental para permitir contextualizar os diversos outros fetiches, apontados pelo Sr., como práticas SM.
Saudações
.deli_W
Confesso que me incomoda um pouco isso de estar tudo no mesmo balaio de gatos.... e talvez seja exatamente isso faz com que eu (e muitas outras pessoas) não tenha vontade de mostrar o rosto.
Não tenho vergonha do que eu gosto (é minha vida sexual e ninguém tem nada a ver com isso né..rs), mas se me julgarem pelas praticas que outras pessoas gostam e eu não.... eu ficaria muito constrangida. Exatamente pq não é a minha praia, ou pq é limite moral pra mim.
Como tem coisas que nem mesmo entre 4 paredes eu aceitaria, logicamente que não vou querer que pensem que eu faço...
Wys

Grato pelos comentários...
Definindo um contexto SM (opinião pessoal sem a menor intenção de falar pelos demais)
Também sempre compartilhei da ideia de que SM como comportamento sexual é obter satisfação erótica com vontade e desejo mútuo, dentro de limites previamente estipulados dos desejos de cada um, atraves de infringir ou receber estimulos que (sob a ótica do comportamento convencional) podem ser considerados sofrimento fisico e ou morais (ex: castigos eróticos, obediência, humilhações e subjugações eróticas).
A colocação "SM Puro" que faço, associada à algumas praticas de natureza inerentemente Sadomasoquistas, remete ao fato de que, não é logicamente possivel realizar tais práticas sem a presença dos estimulos citados na frase acima. Ou sem associação com os mesmos estimulos.
Já diversos outros fetiches ou práticas ou comportamentos, podem ocorrer sem que exista a associação com SM. Podem ocorrer num contexto em que os estimulos citados como SM não estejam presentes, ou não sejam associados diretamente ou indiretamente às práticas. Portanto, não são práticas que, por sua natureza intrinseca, estariam dentro da colocação "SM Puro".
Observação: Aqui, acrescentando algo à definição de SM. Fazendo uso do que diz Havelock Ellis, que provavelmente tirou conclusões a partir de estudos, e não à partir de experiência individual. Segundo o mesmo, geralmente tanto a parte ativa como passiva do SM querem experimentar estes estimulos (infringir e receber respectivamente), mas num contexto onde existe afeto e consideração. Neste caso, não estou questionando condutas individuais ou enfoques individuais, mas apenas acrescentando mais informação à definição de SM.
Douglas
Fetichismo
Sr Wys.
Há um tempo atrás eu estava pensando exatamente nisso. Muitas práticas que são absorvidas pelos membros do BDSM, não são necessárias para a existência do mesmo em uma relação.
Mas é interessante essa classificação e nomenclaturas das praticas, pois isso facilita o encontro de adeptos de “especialidades” ou até mesmo de informações os mesmo.
Há pessoas que se referem a tais práticas, não como do BDSM, e sim como o do campo do fetichismo.
Eu fiz uma busca pela net e não encontrei nenhuma definição formal do significado da palavra fetichismo referente à sexualidade, porém ao meu ver, vem a calhar essa sutil separação entre praticas fetichistas e praticas BDSM, simplesmente a caráter classificatório. Pois todos nós sabemos que toda a classificação é falha, não existe nenhum método classificatório que seja realmente eficaz, mas para nosso impasse, julgo ser uma boa separação.

Elisabeth
Desculpa, Wys, naum concordo com tuas definições. Tem uns furos ai...
Todas as práticas que voce mencionou podem existir fora do contexto SM e todas as práticas podem existir dentro do contexto SM.
Spanking por exemplo, existe também para disciplinar, mesmo que hoje seja pratica cada vez menos aceita. Eu levei muito cascudo da minha mãe. E não era sadismo.
SM depende SEMPRE do contexto.
.deli_W
Eu tinha entendido que se estava falando de sexo...pq se não for...ai engloba mesmo muita coisa.
No meu tempo, apanhar da mãe não era excitante e muito menos consensual....
Wys
p/ Douglas
Comentando... Fetichismo em português referente à sexo, é atração sexual para algum objeto (inanimado) ou por alguma parte específica do corpo que não sejam muito ligadas aos aparelhos reprodutores.
Em lingua Inglesa, Fetichismo é também atração por objetos inanimados ou partes do corpo que não sejam muito ligadas aos aparelhos reprodutores.... mas significa também uma "fixação" por algum tipo de comportamento ou "mania".
Fetichismo no sentido filosófico, é atribuir qualidades religiosas ou misticas à objetos inanimados como sendo parte de um estágio primário de desenvolvimento de civilizações e culturas.
Eu uso a palavra fetichismo para definior também atração sexual por "tipo de comportamento" ou "fetiche de comportamento".

Especulando.... Entendo que, geralmente práticas de "adoração e veneração de pés" ou "Foot Worship" são também comportamentos fetichistas, e podem ser meramente fetichistas, mas podem estar dentro de um contexto SadoMasoquista, quando se atribui uma relação de poder e obediência, superioridade e inferioridade entre os envolvidos.
Quanto à "Shoe Worship" ou "Adoração e veneração por calçados" parece ser uma prática bem fetichista, ou meramente e somente fetichista, mas que também pode estar num contexto SM. Penso que depende de como é feita. Se existe um relação de condução, e obediência relacionado à isto, estaria num contexto SM. Em outras palavras, se alguem tira prazer de estar num plano inferior ou de rebaixamento (humilhação) relacionado à isto.
Reitero que aqui expresso minha opinião pessoal, sem querer trazer verdades absolutas.
Wys
Olá Elisabeth R.Fragil
O que eu entendo por "contexto SM" é sadomasoquismo como comportamento com fins de satisfação erótica, sendo isto saudável e consensual.
Não estamos falando de antigas punições disciplinares não consensuais, e nem de sadismo ou masoquismo patológico. Não é destes contextos que falo aqui.

SM não depende sempre do contexto. Existem praticas SM que são SM por sua própria natureza. Outras não são SM por sua própria natureza. Estas dependem do contexto.
É impossivel Spanking Erótico ou prática com chicote por exemplo não ser SM. Fica implícita a brincadeira ou realização de prática sado-masô. Existe prazer consensual em infringir e receber estimulos não convencionais (experimentar algum grau de sofrimento seja fisico ou moral), com fins de satisfação erótica.
Dog Play por exemplo é uma prática de carater iminentemente SM, pois fica implícito o desejo de assumir posições de superioridade e inferioridade. Prazer erótico consensual de colocar alguém, e de alguém estar numa situação que diante de baunilhas seria considerado humilhante.
Podolatria por exemplo pode ser apenas um fetiche por parte do corpo (pés). Niguém precisa ser necessariamente Sadomasoquista para gostar de seios, pés, bunda, etc.
Podolatria, Adoração por seios, ou Bunda somente seria SM se existir algum gosto por superioridade e inferioridade na relação, ou algum tipo de castigo fisico ou moral relacionado à isto, num plano eroticamente consensual.
É assim que eu vejo isto.
Elisabeth
Alguns trechos do site Desejo Secreto, tópico O QUE É BDSM.
Os sociólogos Weinberg e Kamel escreveram, em 1995:
"Muito do SM envolve muito pouca dor. Muitos masoquistas preferem atos como humilhação verbal ou abuso, vestir a roupa um do outro, serem amarrados (bondage), espancamentos leves, que não envolvam grandes desconfortos. Freqüentemente, é a noção de inutilidade e submissão à vontade de outro que é sexualmente excitante. No ponto central do sadomasoquismo não há dor e sim as idéias de controle-dominação e submissão".
Thomas S. Weinberg e G.W. Kamel (1995). "S&M: Uma Introdução ao Estudo do Sadomasoquismo", S&M: Estudos sobre Dominação e Submissão, Prometheus Books, pág. (19).
Havelock Ellis, M.D. produziu um estudo elucidativo sobre sexualidade (Estudos da Psicologia do Sexo), no qual ele escreveu que o conceito de dor é muito mal-entendido:
"A essência do sadomasoquismo não é tanto a dor, já que a dominação dos sentidos é mais emocional que física. O masoquismo sexual ativo tem pouco a ver com dor e tudo a ver com a procura de prazer emocional. Quando entendemos que é apenas dor e não crueldade, o essencial nesse grupo de manifestações, começamos a chegar mais perto da explicação. O masoquista deseja experimentar a dor, mas ele geralmente deseja que seja infligida com amor; o sádico deseja infligir a dor, mas ele deseja que seja sentida com amor...".
Havelock Ellis, M.D. (1926) Estudos da Psicologia do Sexo, F.A. Davis Company, pág. 160.
Da mesma forma que uma cena de podolatria por si só não significa que seja SM, tb uma cena de Spanking não se explica por si só. Da mesma forma que algumas pessoas tem prazer em beber urina fora do contexto SM, outras tb tem prazer em spanking fora do contexto.
Se imagino duas imagens, uma bem comum, tipo uma bunda toda marcada com vrgoes onde pressupoe-se houve spanking, e outra um pouco mais elaborada, uma mulher esta de pé, vestida com acessorios fetichistas e um homem esta com a cara enfiada no vaso.
PARA MIM, a segunda é mais emblemática, mais completa, e define mais o que é BDSM.
Pode ser que outros digam que não. Mas eu sou praticante e preciso estar dentro de alguma estatistica.

Wys
p/ Elisabeth RF e Demais que se interessem
Texto da NCSF
Eu já conhecia este extrato de texto, parte integrante de um artigo de autoria de Susan Wright e Charles Moser. Este texto originalmente estava no site da NCSF - National Coalition for Sexual Freedom ou Coalização Nacional para as Liberdade Sexual dos EUA. E está também em vários outros sites do exterior.
Esta também no meu website, pois eu o traduzi por mim mesmo, com autorização da NCSF para colocar lá. Gosto do texto na integra, e também deste extrato. E ele expressa também o que penso. Na verdade, eu acho que condiz com minhas opiniões e com o que eu escreví aqui.
Mais abaixo coloco um outro extrato de texto cuja co-autoria é de Susan Wright uma das Diretoras da NCSFhttp://www.ncsfreedom.org/index.php?option=com_keyword&id=209
O que é SM - What is SM?
SM inclui um vasto e complexo grupo de comportamentos consensuais e voluntarios entre adultos que envolve assumir posições com entrega de controle. Isto inclui dar e receber intensa satisfação erotica e jogos envolvendo controle e disciplina mental.
Portanto fica implícito que, algumas práticas, somente são SM se envolver as condições acima citadas. Se não envolverem, não é SM. E isto condiz com o que eu escrevi acima.
Se uma prática fetichista não envolver o desejo de assumir posições de superioridade e inferioridade, ou não envolver estimulos não convencionais não é SM.
E seguindo minha lógica de pensamento, se alguma prática por sua natureza intrinseca, envolve as condições acima, estas são por sua natureza SM. E não existem fora deste contexto. (Novamente, falando de SM saudável e consensual)
Wys
Acrescento este outro extrato de texto do artigo de S. Wright e C. Moser
http://www.1webspace.biz/sminside/index9-whatissm.html
SM é uma orientação sexual ou comportamento entre dois ou mais parceiros adultos. O comportamento pode incluir, mas não é limitado ao uso de estimulo físico ou psicológico para produzir excitação sexual. Normalmente um parceiro assume um papel/função ativa (Top ou Dominante) e outro assume uma função passiva (Bottom ou Submissa). Praticantes de SM podem ser heterosexuais, bisexuais, homosexuas, etc.

SM não é facilmente definido. A gama de comportamentos é muito vasta e a maioria dos participantes não gostam de todos os tipos de atividades existentes. Os problemas com definição foram bastante discutidos num artigo de Weinberg, Williams e Moser. Eles encontraram 5 características presentes na maiorias das relações SM que estudaram.
  1. Dominação e Submissão - Existênca de regras e obediência da parte de um parceiro para com outro.
  2. Consensualidade - Acordo voluntário (consentimento e vontade mútua) para entrar numa prática SM e respeitar determinados limites (até onde ir)
  3. Conteúdo Sexual - Pressume-se que as atividades tem um significado erótico
  4. Definição Mútua - Os particpantes entendem que eles tem uma atividade SM ou um conceito similar.
  5. Role Playing - Os participantes assumem papeis/funções nas práticas (sessões) ou nos relacionamentos que eles reconhecem não serem reais.
Fonte: Weinberg, M.S., Williams, C.J., & Moser, C.A. (1984). "The social constituents of sadomasochism." Social Problems, 31, pg. 379-389.Portanto, para algo ser considerado SM, os fatores dos item 1,2,3,4,e 5 acima geralmente estao presentes.
Eu entendo que, se alguém desempenha alguma atividade erótica, fetichista ou não, que não contém os fatores 1 e 4, esta atividade não é necessariamente SM e nem define SM por sí só.
Pois consensualidade, é obrigatoria à qualquer atividade sexual, seja ela qual for, do contrario é abuso. Entendo também que desempenhar papeis, pode existir em atividade não SM também. Pode existir numa atividade somente fetichista sem existir estimulos não convencionais ou nem posições de superioridade e inferioridade, domínio, etc.

Novamente, acho que a definição está de acordo com minha leitura, isto corrobora e condiz com o que eu penso.
Elizabeth RF, no mais eu creio que existe erro de comunicação e entendimento. Ninguém está excluindo ninguém de estatistica. Até andar de velocipede pode ser SM/BDSM, desde que esteja dentro de um contexto SM. Este é o meu ponto de vista.
Elisabeth
Wys, sempre me incomoda muito essa conversa do "purismo" SM. Conheci uma cara que gostava de chineladas. E ele pedia para a empregada dar nele dizendo que precisava por causa de um tratamento fisioterapeutico. Ele não tinha nenhum tesão em dominação. E, aliás, achou estranhíssimo que alguém tivesse. O que ele tinha é que as chinelas tinham que ser bem usadas. Comprava na rua, de gente usando mesmo.
Era prazeiroso pra ele que fosse dessa maneira. Fetiche por chineladas. Sem nenhum contexto, é só um fetiche por chineladas.
O mesmo que ocorre com podolatria, crossdressing, scat e por ai...
É preciso vivenciar muita coisa, ouvir muitas histórias para então catalogar o que é e o que não é, até lá o que podemos é continuar infinitamente discutindo prática por pratica, contexto a contexto, o que é e o que não é.
Wys
Elisabeth... Na verdade não se trata de "purismo" no sentido de isolacionismo. Meu enfoque é no sentido de dar uma melhor compreensão, menos massificante, menos "rotuladora" as diversas práticas. Dar mais personalidade.
Faço apenas um exercício de lógica e entendimento acerca dos Comportamentos e Práticas SM que são por sua natureza SM, e comportamentos ou práticas que podem ser consideradas SM ou não dependendo do contexto.
Por exemplo, eu conheço pessoalmente um podolátra que não se diz SM e diz que o que ele faz não tem nada a ver com SM.
Mas veja bem, voce mesmo já está concordando comigo.... em muitos casos o foco principal sai do Sadomasoquismo e vai mais para um fetichismo.. como voce citou o caso do chinelo.
Muitas praticas, já existiam por sí só, sem ninguém saber o que era BDSM. Existiam difundidas inclusive até em bordeis, de longa data... sem que ninguém chamasse tudo de BDSM.

Não quero trazer verdades, mas fundamentado no que conheço tenho opinião própria. Meu conhecimento e primeiras vivências vem ainda dos anos 80. Sempre fui mais centrado em vivência SM pessoal, e não SM social (agrupamentos ou em ser ativista). Antes de sites como o DS existirem, eu já sabia o que era SM de longa data.
Indo um pouco além do tema deste tópico, eu posso dizer que muitas vezes eu evito de falar e comentar algumas coisas e até alguns tópicos. Já ví no mínimo 2 pessoas na Internet que se consideram "ultra-experientes e conhecedoras" negarem ou se assustarem com coisas de SM, ou dizerem que não existe coisas que são ou foram absolutamente comuns no SM real. Que já ví com meus próprios olhos.
Algumas pessoas criam seu mundo próprio, e acham que SM/BDSM somente existe na esfera delas, ou que passou a existir depois que começaram a entrar na net, participarem de encontros e/ou alguma play. Pensam que SM / BDSM fora daquele circulo que conhecem e viveram não existe.
Finalizando, acho também possivel entender ou concluir algumas coisas, baseados também numa lógica. Nem eu nem voce provavelmente esteve na Africa mas sabemos que lá tem zebras e rinoncerantes. Certamente ninguém conhece tudo de tudo na prática.
Mas enfim, é sempre um prazer dialogar com voce. Acho que saimos ganhando, mudando ou não de opinião *rs. Um abraço.
Rosa Vermelha,
Algumas praticas, são inerentemente SM.
Exemplos: Spanking, uso de chicote, velas, prendedores (estimulos envolvendo algolagnia), coleiras, mordaças, aprisionamento com grilhões, correntes, cordas e cadeados, etc, humilhações puras (prazer de de subjugar por parte do Dominante e ser humilhada ou rebaixada por parte da parte submissa) definem por sua própria natureza, ou por sí só, claramente o que é SM.
Este é ao meu ver o mais puro SM que existe.
Estas práticas consensuais feitas com fins de satisfação erótica, por sí só, são impossiveis de serem feitas fora de um contexto SM ou sem que sejam chamadas de Sadomasoquismo.
Achei interessante essa listagem...creio que alguns tenham assistido aqui o filme "O Porteiro da Noite" e me questiono até que ponto a entrada do SM em nossas vidas é consensual ou não..
Se levarmos em conta o D/s muitas relações chamadas "baunilha", ou por falta de conhecimento ou do próprio SM, tem essa questão de Dominação que além de consagrar o elo ainda dá prazer aos dois.
Além disso ainda há a questão da criatividade diante das possibilidades de D/s e de ampliar as sensações e potencializar o prazer.
Assim fico pensando se delimitar o SM puro pelas práticas seria a melhor alternativa e concordo que o D/s e a troca de poder é a essência e se acreditarmos nisso veremos em coisas comuns e práticas não necessariamente SM quando num conetxto D/s e SM fazendo parte da mesma. Faz parte não porque a pessoa deixou de ser SM ou porque virou swingueira ou bissexual por exemplo, mas porque estava ali sob a condução de um Dom que expandiu seus limites morais e/ou usou dentro de um contexto puro de humilhação típico de relações SM a meu ver.
O como se desenrola a relação é pessoal sim e depende de gostos e de predisposição a experimentar mais coisas, mas a essência a meu ver não está presa a determinadas práticas e não a outras ela advém de algo que extrapola a mera prática...
Tormentos
O escrito do Wysiwyg é excelente e os questionamentos da Elisabeth enriqueceram muito o tópico porque foram colocadas ainda mais informações de qualidade. Parabéns aos dois. Só é uma pena, pena mesmo, que algo tão bom, tão elucidativo, com certeza não seja lido e compreendido por todos. Tantos iniciantes poderiam ler isso. Devia ser leitura obrigatória e ter chamada oral para ver se parávamos de ler tanta coisa sem sentido por aí. (Brincadeirinha, não me crucifiquem – dando uma risadinha de idiota...rss).
Gostaria de chamar a atenção para o seguinte, SM existe independente de concordarmos ou não. O mais puro pode incomodar a uns; a zona cinzenta pode incomodar a outros, mas o fato é que existem e opiniões pessoais não vão mudar. Eu não concordo com a lei da gravidade, e daí, ela deixa de existir por isso?
Um cara que definiu bem o BDSM foi Sir Ganon. Gosto daquela explicação no site dele, na seção de perguntas e respostas: BDSM tem camadas, como se fossem círculos concêntricos, isto é, tem um núcleo central em volta do qual há camadas ou círculos, uns em volta dos outros (imagine um alvo de atirar dardos). Nós estamos nos círculos ou camadas, uns nos círculos mais próximos do núcleo, o BDSM mais puro, e outros nos círculos maiores em volta destes. Lá pelo círculo X - impossível dizer quantos são, pois estamos em terreno abstrato na área das fantasias sexuais - o maior de todos, acaba o BDSM e daí pra lá estaremos em terreno baunilha.
Gosto disso porque é sensato, admite diferenças e intensidades, mas põe limite em dado momento, como eu penso.

Sobre o texto inicial do Wysiwyg, achei-o ótimo porque SM tem duas caras, uma que se vê; outra que não. Eu sempre digo que SM é sentir e acredito nisso. SM se sente e as práticas são manifestações desse sentimento. Contudo não tem como saber o que o outro sente (a não ser pela suposição, o que não é necessariamente a verdade) e há práticas e manifestações que demonstram com mais exatidão este sentimento para quem vê de fora.
A isto ele chamou de SM puro, no meu entendimento da explicação de Sir Ganon, o núcleo. Depois vem as demais práticas, que podem ser SM ou não porque não demonstram com exatidão os sentimentos SM para quem vê de fora, ficando a resposta no mundo íntimo de quem pratica.
Outra coisa que considero importante nas discussões é que há duas formas de ver as práticas SM, com olhos baunilha ou com olhos SM. Está claro que o texto que abriu este tópico tem que ser visto com olhos SM porque as práticas SM inexistem como prática sexual no mundo baunilha e não seria para estes que se faria uma explicação destas. Se não teremos mesmo problemas de contexto.
Elisabeth
" isto ele chamou de SM puro, no meu entendimento da explicação de Sir Ganon, o núcleo. "
Tudo bem, desde que eu possa definir para mim, o meu nucleo. E no meu núcleo, por exemplo, não está o spanking. O spanking, para mim, é ferramenta para disciplinar. Me dá prazer, mas tem que estar nesse contexto. Spanking por spanking a mim não me diz nada. Lembra sempre os tais tapinhas do "baunilha apimentado" Então não pode ser núcleo.
Eu acho que vc acertou quando disse que é muito mais o SENTIR. E eu me baseio nisso. E pra mim tá bom.


Este tópico me fez pensar algum tempo, e coloco aqui minha opinião pessoal, baseada em reflexões, experiências e pesquisa sobre o tema. E espero que possamos aprofundar a idéia.
Para entender o conceito de dor e prazer, fui dar uma passeada pela
definição clássica de sadomasoquismo.
Kraftt Ebing, médico alemão, foi quem primeiro utilizou os termos Sadismo e Masoquismo no seu livro "Psycopathia Sexualis", em 1885. Sade já era falecido, mas Masoch ainda estava vivo, e isso gerou bastante polêmica na época. Kraftt Ebing substituiu o termo "algolagnia", que estava em vigor na época, para as inexplicáveis relações de prazer e dor que ele começara a documentar e que eram estudadas na época. (Noto que este termo,"algolagnia", é usado até os dias de hoje...embora tenha mais de 150 anos..)
Por Sadismo, Kraftt Ebing referiu-se a busca de prazer sexual através do sofrimento imposto à pessoa que lhe faz companhia. É o prazer com o sofrimento alheio. Aqui cabe outra discussão, porque a concepção do personagem e comportamento Sadeano é completamente diferente do que praticamos e acreditamos hoje. Sade era muito mais libertino do que sádico. Mas isto fica para outra hora.
Masoquismo, a grosso modo, foi definido como a incapacidade para obter prazer sexual sem sofrimento. É sentir prazer com a dor. O sado-masoquismo é (ainda?) considerado dentro da psiquiatria como sendo uma Parafilia (para = desvio; filia = atração) ou transtorno da conduta sexual em que há preferência por atividades sexuais que impliquem dor, humilhação ou subserviência. Comumente, os indivíduos com esse transtorno obtêm a excitação sexual por comportamentos tanto sádicos como masoquistas.
- Beleza, mas, e a dor, o sofrimento?
A justificativa médica para a dor é de que os nervos sensoriais das regiões genitais, tanto masculinos como femininos, são os mesmos que transmitem sensações de dor e prazer.
O sofrimento como um valor legítimo a ser alcançado, não é novo em nossa cultura. Esteve presente no estoicismo dos gregos, na penitência dos cristãos, e está presente ainda hoje nos regimes alimentares, nos exercícios físicos para o corpo; e o que até bem pouco tempo atrás era enaltecido com jejuns de penitência pela fé, por exemplo, hoje se foca no culto ao corpo. O que observo é que, quando o sofrimento ou a dor está ligada ao erotismo, a tendência é considerá-lo um comportamento doente ou criminoso. Logo, o escândalo do sado-masoquismo não é o sofrimento ou a dor. É sua vinculação ao sexo.
- Bom, mas e a dor?
A dor é uma experiência humana universal, o que torna falar sobre ela fácil e difícil, ao mesmo tempo. Poderia separar a dor (grosseiramente) em dois lados, a dor física e a dor emocional. Quando falo de dor a seguir, estarei falando da dor física, da dor sensorial. Embora a dor seja um dos tópicos do tema proposto, ela daria uma outra discussão, portanto, vou deixar como a definição da dor, a que existe no universo de cada um. Mesmo porque ela não altera a compreensão deste mail ou minha linha de raciocínio.
- E a dor no BDSM?
Muitas pessoas fora do BDSM, acreditam ainda, inocentemente, que o(a) masoquista é aquele(a) capaz de sentir toda e qualquer dor como prazer. Bom, mas se fosse assim, eles(as) não necessitariam de nós, os sádicos. Bastaria a eles(as) se auto-flagelarem, infligirem a si mesmos a dor. Jean Paulhan, que foi por muito tempo o objeto de desejo de Dominique Aury, a escritora de "Estória de O", dizia que: "desta forma o homem teria encontrado (a respeito da dor) o que tão assiduamente procura na medicina, na moral nas filosofias e nas religiões."
Na verdade creio que o sado-masoquista é aquele que em determinadas situações tem a capacidade de erotizar a dor, fazendo-a perder muito de seu caráter assustador, ao mesmo tempo em que surge ou potencializa o prazer, e não alguém que tenha um orgasmo cortando a própria pele, ou indo ao médico para fazer uma endoscopia. Portanto a dor não é substituída pelo prazer. Este surge concomitante a ela, quase complementar, sendo a atuação da sensação da dor fundamental na relação BDSM, do contrário a relação perderia o sentido.
- Primeira conclusão: A dor não substitui o prazer!
Na verdade a dor serve como elemento para potencializar o prazer. E não é a dor pela dor. O ser humano é extremamente complexo. Logo, a dor como agente potencializador, tem um efeito bombástico se inserida em uma fantasia ou contextualizada. Exemplo:
Um(a) masoquista (com a permissão de vocês, uso aqui a palavra masoquista para definir submissos(as) e masoquistas, indistintamente) sente prazer com o spanking. Mas se o agente potencializador (spanking) estiver contextualizado dentro da fantasia dele(a); por exemplo, um professor severo, uma governanta, ou algo assim, o prazer é mais intenso. O exemplo que dei, na verdade define algo que vejo faltar na maioria das relações BDSM, a elaboração de situação. E como disse anteriormente, o ser humano, é extremamente complexo. Necessita da elaboração, da fantasia, do contexto.
- Epa, então temos mais um componente?
Exatamente! Temos na verdade três componentes:
O prazer, a dor, e a situação onde elas surgem. (contexto).
Resumindo: Normalmente temos o prazer dito normal, ou baunilha, seja como sádicos(as) ou dominadores(as), seja como masoquistas ou submissos(as). A dor é uma forma de aumentar este prazer. De amplificá-lo. Então quando associamos o prazer à dor, usamos um instrumento (a dor) para aumentar o prazer. Mas sem o contexto (a situação) o conjunto pode ficar prejudicado.
Atenção dominadores homens: Este ponto é especialmente importante se você tem uma submissa ou masoquista mulher! A maioria dos sádicos ou dominadores acha que pelo fato de estarem "no comando" podem fazer o que quiserem, sem se importarem com o contexto da situação. Deixam de elaborar um clima para contextualizar o prazer e a dor, concentrando-se em si próprios. E todos nós sabemos que as mulheres são maravilhosamente elaboradas. Portanto, vamos usar a imaginação?
Concluí, depois de todo este discurso que, a dor pela dor, não tem sentido. Ela, no universo BDSM precisa estar erotizada e elaborada, para ter nexo e alcançar à que se propõe: aumentar o prazer seja do sujeito ativo, o que proporciona: (dominador(a)/sádico(a)) seja do sujeito passivo (masoquista/submisso(a)). Logo o(a) masoquista/submisso(a) tem a capacidade de erotizar a dor, utilizando-a como elemento amplificador do prazer. E contextualizada na relação com seu sádico(a)/dominador(a) alcança seu ponto máximo, permitindo novos horizontes e sensações.

[M.V.]

sexta-feira, 3 de junho de 2011

[Prefácio à Comédia Humana]

Não compartilho da crença num progresso infinito quanto às
sociedades; acredito nos progressos do homem em relação
a si mesmo.





Honoré de Balzac
[Prefácio à Comédia Humana]